Quinta-feira, 29 de Novembro de 2007

Profissionais, profissionais militantes ou simplesmente militantes?

Têm ultimamente alguns responsáveis do PSD defendido que o Partido necessita de vender a sede, de profissionalizar os serviços, de  se fixar num local aberto à população, tipo tipo partido com paredes de vidro.

 

Tenho dúvidas que estas operações de cosmética possibilitem a aproximação que se deseja dos sociais democratas às populações.

 

A aproximação, como sempre aconteceu no passado e em grandes vitórias eleitorais, passou pela apresentação das melhores propostas, pela definição de objectivos mais ambiciosos, pelo catalisar do descontentamento contra as más politicas que  hipotecam o presente e  corroem o nosso futuro.

 

Onde estão as "paredes de vidro" da sede do PS no Largo Rato?

Onde estavam os profissionais quando o actual Presidente da República deu aos PSD as grandes vitórias eleitorais?

 

Não se confunda o essencial com o supérfluo , o conteúdo com a embalagem ...

 

E sobre a profissionalização não posso deixar de deixar este comentário que me enviaram retirado da NET e cujo autor desconheço.

 

Se o PSD se profissionalizar, as coisas mudam. Quadros profissionais significam maior dependência da direcção central, ou melhor, um outro tipo de dependência:

1) Enquanto hoje as distritais podem eleger chefes distantes da direcção, no futuro serão meras filiais subordinadas aos objectivos gerais da "empresa". Aquilo que Renzo Felice designou como processo di fascistizzazione passou pela reconversão dos funcionários do Estado em rappresentanti neutri : super-partes do órgão central com a missão de distinguir entre fascistas e anti-fascistas . Também a profissionalização do partido tenderá a obter uma homogeneidade que obrigará a distinguir entre os que trabalham (literalmente) para o partido e os que perturbam o partido.

2) Por outro lado, e mais importante do que o estatuto profissional, os novos quadros transportarão consigo a mensagem central: estamos aqui para "alcançar objectivos". Isto é um problema porque poderão ser definidos objectivos apenas porque são "alcançáveis" e não porque sejam bons em si mesmo. A despolitização, na sua marca d'água – o populismo –, aparecerá fresca e brilhante: os profissionais ouvem o povo e respondem ao que ouvem.

´Dá para pensar e perguntar: é isto que se deseja?

publicado por pracana às 00:19
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2 comentários:
De João Viegas a 29 de Novembro de 2007 às 15:35
Caros amigas(os),

Eis um tema muito interessante e que vaticino estará na agenda política do futuro próximo em Portugal. Se me permitirem farei uma análise que abrange tanto o PS como o PSD, porque apesar das diferenças me parece que se deparam com as mesmas dificuldades, até porque são os 2 maiores partidos democráticos portugueses.
Esclareço desde já que o actual de organização política local partidária é caduca, amadora, ineficiente e porventura facilitadora do nefasto caciquismo.
Da sua análise, caro Pracana, permita-me discordar do que considero ser 2 erros que comete:
1- Mistura a ideia de profissionalização com partidarização (ou arregimentarização)
2- Mistura a ideia de embalagem com a de conteúdo – ou seja – faz uma efusão entre forma e substância.
Passo a explicar o meu ponto de vista,

Desde logo importa referir que as actuais secções partidárias funcionam hermeticamente e apenas servem como bunkers para (alguns) militantes desenvolverem as actividades partidárias, de tal forma, que tem sido prática quase generalizada (pelo menos no PS de Oeiras) procurar desenvolver eventos e debates em locais públicos (sair das secções).
Penso que nesta matéria, o PSD Madeira realiza um conceito que projecta o futuro, ou seja, as secções partidárias contêm espaços comerciais tipo café/bar, abertos à população, onde os cidadãos de qualquer força política podem confraternizar diariamente. É este o modelo que penso ser o caminho: os espaços partidários embutidos na sociedade civil e enformados como espaços sociais e culturais, abertos a todos, onde para além da política partidária se respira igualmente o quotidiano social.
Por outro lado, o devir e exigência a que as carreiras profissionais estão hoje sujeitas, aliados ao rigor e exigência técnica, bem como ao peso das estruturas de militância, impelem estes 2 grandes partidos a profissionalizarem os seus serviços administrativos (note bem não os político-partidários!) – o caminho são a profissionalização das convocatórias (nomeadamente através de call centers), as novas tecnologias adstritas as bases de dados e sobretudo à informação (seu processamento e distribuição). O que me transparece do seu post, é que sugere que os cargos políticos passem a ser profissionalizados, quanto a isso estamos de acordo em que seria um grave erro com consequências imprevisíveis para o sistema democrático; de facto defendo apenas a profissionalização das máquinas administrativas.
Por último faço uma referência aos Autarcas – têm os autarcas sido autênticos bodes expiatórios do que vai mal no sistema político – somos vergonhosamente mal pagos (duma maneira geral) e todas as reformas de fundo que têm sido feitas (remunerações, limitação de mandatos) nunca afectam a Assembleia da República – é pena…

Um abraço
Bem hajam
João Viegas
De rui.freitas a 9 de Dezembro de 2007 às 00:56
Caro João Viegas,
Estou absolutamente de acordo consigo (duma maneira geral), no que concerne ao último parágrafo do seu comentário.
Já agora -e por tal -, deixo-lhe aqui um desafio: o seu partido dispõe de uma maioria absoluta, não apenas para aprovar sozinho matérias que afrontam o Povo português. Aprovem novos Estatutos dos Eleitos Locais!
Um abraço amigo.

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