Terça-feira, 18 de Março de 2008

Uma causa, uma Casa

Meus Amigos

Hoje decido falar de novo da Associação SOL. Com um trabalho meritório há 15 anos na área do apoio às crianças afectadas e infectadas pelo virus do HIV/SIDA, esta Associação continua a ser o único "refúgio" em Portugal para as crianças desprotegidas , que o Estado não protege.

Prefere delegar essa espinhosa missão num conjunto de boas vontades da comunidade, dando uns trocos para tal.

Daí achar do maior interesse reproduzir aqui noticia do SOL. E que todos nós façamos da edificação de mais uma CASA SOL a nossa causa.

 

"Inaugurada em 1998, a casa excedeu a sua capacidade logo no ano seguinte, altura em que era já ocupada por 15 crianças. «Estavam infectadas, eram órfãs de pais com Sida e muitas estavam doentes. Ninguém as queria», lembra a presidente da Sol, Teresa D´Almeida.

Talvez por isso, a única instituição em Portugal especificamente criada para acolher crianças seropositivas tenha tido sempre uma «interminável» lista de espera. A presidente reconhece que «já não existem sequer condições para as crianças estudarem», mas admite ser difícil recusar novas entradas.

A história de Filipa (nome fictício) é exemplificativa da situação. Abandonada à nascença, viveu até aos sete anos num hospital algarvio, porque «ninguém a queria». Quando soube do caso, a direcção da Sol não conseguiu voltar as costas e acabou por recebê-la. «Quando cá chegou assustava-se com tudo, com o movimento e com a confusão normal de uma casa, porque estava habituada àquele silêncio dos hospitais», lembra Teresa D`Almeida. Hoje, Filipa tem 12 anos e está completamente integrada.

Mas nem todos os casos tiveram desfechos felizes. Teresa recorda dois: «Sei de pelo menos duas crianças a quem recusámos a entrada e que depois se estavam a prostituir na rua: uma rapariga, que ao ser violada ficou infectada com o vírus, e um rapaz de oito anos que também se andava a prostituir. Não há dia nenhum que não pense nessas crianças».

«Quando surge um caso complicado, puxamos uma cama para aqui outra para acolá, juntamos mais um colchão e acabamos por aceitar a criança», explica a directora da casa Inês Gonçalves. Mas, agora, a instituição atingiu o limite. Num espaço para 11 vivem 21.

Preocupado com a situação, o presidente do Instituto de Segurança Social (ISS) apresentou recentemente uma solução a Teresa D´Almeida: a cedência de um prédio na Lapa. Mas primeiro, o imóvel tem de ser libertado, o que poderá «acontecer já nos próximos dias», e depois terá de ser alvo de obras de requalificação para poder receber as crianças, explicou o responsável do instituto, Edmundo Martinho.

Até lá, a presidente da associação tem de lidar com os problemas de sobrelotação, que reconhece «já não tem condições nem para as crianças estudarem». Apesar disso, admite ser difícil recusar novas entradas.

As crianças da Sol são ali colocadas por decisão dos Tribunais de Menores ou acordo com a Comissão Nacional de Protecção das Crianças e Jovens em Risco. Na casa vivem órfãos infectados com VIH e meninos com familiares doentes sem capacidade para os educar. Apenas quatro estão em condições de serem adoptados. Apesar de ter conhecimento que ali vivem muito mais meninos, o ISS só apoia financeiramente 11 crianças.

A assessora do instituto explicou que este apoio resulta de um protocolo celebrado em 2004 entre a Sol e o ISS que definiu a atribuição de um subsídio «tendo em conta a capacidade da casa, construída para 11 crianças». Os anos passaram e o protocolo nunca chegou a ser alterado. No entanto, a assessora disse que está previsto o alargamento do apoio às restantes crianças assim que a instituição tenha um novo espaço capaz de albergar todos os meninos.

Os inspectores que regularmente visitam a instituição já alertaram para a sobrelotação, mas há serviços do Estado que continuam a pedir à instituição para que receba mais, alerta Teresa D´Almeida.

A última entrada aconteceu há menos de um ano. Miguel (nome fictício) tinha dois meses, estava hospitalizado e não tinha para onde ir. «Quando nos fizeram o primeiro pedido avisámos que estava lotado. Mas depois disseram-nos que não havia alternativa e que a criança ficaria no hospital»,  recorda a directora da casa Inês Gonçalves. Nesse momento, Miguel passou a fazer parte da família.

Hoje, com um ano, partilha o berçário, uma divisão minúscula e colorida, com outras quatro crianças. E é precisamente o futuro próximo destes bebés que mais preocupa a instituição, uma vez que não há espaço para os instalar quando crescerem. «Quando tiverem de sair do berço, não vamos ter onde pôr uma única cama», diz preocupada Inês Gonçalves.

Desde que abriu as suas portas, a Casa Sol já acompanhou o processo de adopção de 10 crianças e viu 12 meninos morrerem vítimas do vírus.

Teresa D´Almeida não consegue perceber como é que crianças órfãs ou com graves problemas familiares relacionados com o VIH continuam a ser esquecidas pelos governantes: «A vida é muito dura para elas. São as crianças do nada».

Todas as crianças justificam o nosso esforço para um seu futuro melhor. Porque não estas, também?!


 
publicado por pracana às 23:38
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