Domingo, 14 de Setembro de 2008
RAMALHO EANES: coerência e ética
Referem os jornais que o ex- Presidente da República, Sr. Gen. Ramalho Eanes prescindiu de receber os retroactivos da reforma , a que tinha agora direito, como general e que orçariam em € 1 000 000,00.
Leram bem, UM MILHÃO DE EUROS!
Atitude desinteressada? Atitude coerente? Ética superior?
Bom, esclareçamos as coisas!
À data em que o Sr. Gen exercia as suas funções como Presidente, promulgou uma lei aprovada pelo Governo então presidido por Mário Soares e que não permitia a acumulação de reformas.
Assim, ao deixar de exercer as funções presidenciais, Ramalho Eanes continuou a receber apenas aquilo a que tem direito enquanto antigo Presidente da República, não acumulando com a reforma de oficial general.
Ora, tendo a lei por si promulgada sido revogada, permitindo essa acumulação de reformas, terá entendido não ser aceitável beneficiar retroactivamente de valores que, ele próprio, ao promulgar a lei anteriormente em vigor, aceitou como boa prática.
É claro que poderia ter mandado "às urtigas" essa coerência, manifestando assim um superior interesse . O seu, que não o do erário público.
Essa coerência tem, assim, como sustentação uma ética e uma forma de estar na vida a que, infelizmente , alguns, poucos, procuram não aderir.
Portanto, será de louvar essa atitude e publicitá-la, porquanto é bom reflectirmos sobre este desprendimento material consubstanciado numa perda de mais de 200 000 contos (moeda antiga).
Parabéns , pois, a Ramalho Eanes!